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Turismo responsável: incorpore essa ideia no seu roteiro

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Um lodge sem energia elétrica e que muda de endereço de acordo com o movimento do rio - mínimo impacto possível na selva amazônica

Um lodge com energia limpa e que muda de endereço de acordo com o movimento do rio – mínimo impacto possível na selva amazônica

Todos os dias vemos notícias comemorando que os brasileiros viajam cada vez mais. É uma tendência não só daqui, mas que ocorre no mundo inteiro: mais do que adquirir bens, as pessoas querem consumir experiências. Bacana, sem dúvida. Mas, será que isso não pode acabar sendo tão ou mais nocivo do que o consumo desenfreado de objetos? Qual é o impacto social e ecológico do turismo que você anda fazendo?

Reflexões como essas fazem com que o tema turismo responsável entre na pauta de muitos e muitos viajantes. E como hoje, 6 de novembro, é o Dia Mundial do Turismo Responsável (veja aqui mais informações), nós resolvemos contar algumas experiências que tivemos nesse sentido. Dentro e fora do Brasil, é possível contribuir para o turismo consciente. Algumas dicas:

- Muitas companhias aéreas (sobretudo as europeias), no momento de compra do bilhete, informam dados sobre as taxas de emissão de gases efeito estufa de seus aviões e o que estão fazendo para compensá-las. Isso pode ser mais um critério na hora de escolher com quem voar.

Comida local, preparada de forma natural, sem louça nem resíduos poluidores. Jantar da Alícia na Amazônia

Comida local, preparada de forma natural, sem louça nem resíduos poluidores. Jantar da Alícia na Amazônia

-Negócios locais sempre sofrem com a chegada de grandes redes de compras e alimentos. Uma vez no destino, procure comprar e comer em estabelecimentos próprios do lugar em vez de optar de cara por aquela cadeia conhecida internacionalmente. Além de contribuir diretamente para a população, você ainda garante uma experiência mais autêntica.

- O mesmo vale para as grandes redes de hotéis. Tudo bem que isso depende muuuito de local para onde você está indo (às vezes é melhor mesmo apostar numa bandeira confiável), mas, em países como Cuba e destinos do Leste Europeu, como a Croácia, ou do Sudeste Asiático, a experiência de se hospedar em casas de locais ou pousadinhas pode ser maravilhosa. No interior do Brasil, então, nem se fala.

- Andar de transporte público, a pé ou de bicicleta, quando possível, são formas sustentáveis e saudáveis de se locomover. Isso vale para as férias e para sua cidade também. :-D

- O país para onde você vai é pobre? Tem problemas políticos? Cria a famosa “bolha”, onde os turistas têm o mínimo contato possível com a população? Informe-se sobre seu destino além dos pontos turísticos. Converse com os habitantes, aceite suas sugestões, deixe-se surpreender. Pense que sua passagem pelo lugar pode fazer (boa) diferença na vida das pessoas.

- Assegure-se que o que você consome no lugar não envolve trabalho infantil ou escravo nem qualquer tipo de exploração. Avalie se aquele determinado passeio ou experiência não o ofenderia ou o envergonharia se fosse no seu país/estado/cidade. Alguns lugares exibem uma certificação de que praticam “comércio justo/fair-trade“. Fique de olho.

- Muitos lugares viram no turismo responsável uma forma de capitalizar. Na maioria das vezes (a gente quer acreditar nisso), é por uma boa causa. Mas, como há malandragem nos quatro cantos do mundo, cuidado na hora de investir seu tempo e dinheiro em algo que pode não ser revertido para causa alguma.

Abaixo, conto um pouco da minha experiência com turismo responsável no Sudeste Asiático e Alícia Uchôa relata as suas pelo Brasil.

A bicicleta é uma boa pedida para explorar partes das cidades asiáticas onde o ar é menos poluído

A bicicleta é uma boa pedida para explorar partes das cidades asiáticas onde o ar é menos poluído

Clarissa Vasconcellos (Camboja e Tailândia):

“É impossível não se sensibilizar durante uma viagem pelo Sudeste Asiático. Eu só passei por Camboja e Tailândia, mas foi o suficiente para me botar no eixo do turismo responsável nada mais desembarcar.

Veja aqui dicas gerais do Camboja

Phnom Penh, uma dura viagem

Como planejar a ida a Angkor

Acima, no post de Phnom Penh, eu retrato o impacto que a capital cambojana me causou. E, naturalmente, a gente se sente na obrigação de retribuir a experiência. Uma boa forma é buscar os chamados estabelecimentos good cause, que têm toda ou parte da renda revertida para projetos sociais, doações ou campanhas. Entre eles (todos em Phnom Penh), estão o Friends, o Lotus Blanc (comandado pela ONG francesa Pour un Sourrire d’Enfant, que cuida de crianças pobres da capital) e o Romdeng (que fica numa casa colonial e serve as famosas aranhas fritas).

Para compras, também na capital cambojana, vale passar na conhecida Colours of Cambodia, que vende artigos artesanais em seda ou madeira por comércio justo, e na NCDP Handicrafts, comandada pelo National Centre for Disabled Persons (se você leu os posts acima, entenderá por que há tantos deficientes e mutilados no Camboja).

Na Tailândia, vi ações parecidas, em contraste com uma triste realidade: a da prostituição. As “meninas” estão por todo lado, muitas vezes debaixo do disfarce de massagistas. Dá pena ver que um destino tão fantástico atraia tantos turistas sexuais.

Confesso que não pesquisei nenhuma iniciativa que mitigasse esse problema. Mas encontrei duas, uma relacionada a outro problema social (os refugiados de guerra) e uma relacionada à proteção dos elefantes, animal amplamente explorado no turismo por lá.

Comida deliciosa acompanhada do refrescante lassi, no Free Bird Cafe

Comida deliciosa acompanhada do meu refrescante lassi, no Free Bird Cafe

O primeiro caso foi o restaurante Free Bird Cafe, em Chiang Mai, um vegetariano ligado à ONG Freedom House, que serve comida Shan (etnia que existe em Mianmar e na Tailândia) e conta com uma lojinha de artesanato. Tudo em prol da educação de crianças de Mianmar refugiadas no norte da Tailândia. Vale conversar um pouco com os voluntários do projeto (muitos deles estrangeiros), que sempre estão por lá.

E se você pensa em andar de elefante, pesquise bem antes de escolher qualquer um desses passeios. Existem formas muito sofridas de montaria desses animais e a experiência pode resultar péssima. Felizmente, várias entidades prezam pela saúde desses adoráveis bichos. Nós faremos em breve um post comparando e recomendando maneiras de viver essa experiência sem maltratar os animais. Contudo, se você não quiser nem saber de montar, só pensa mesmo em como seria bom ter apenas um contato mais próximo com os paquidermes, vai adorar saber da existência do Elephant Nature Park, próximo a Chiang Mai. Nele, os turistas passam o dia nesse santuário, dão comida e banho nos bichões, brincam com os elefantes, mas sua montaria é proibida.

Planeje sua viagem à Tailândia

Que cidades visitar na Tailândia

Cozinhando na Tailândia

Se quiser conhecer locais de iniciativa semelhante em outras cidades da Tailândia e do Camboja, dê uma olhada no Mekong Responsible Tourism, um guia para o turista responsável em sete países do Sudeste Asiático.”

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Alícia Uchôa (Amazônia e Bonito):

“A Amazônia é um lugar simplesmente encantador. A natureza ali é imponente como em poucos lugares turísticos do mundo. Mas talvez seja exatamente a abundância que faça com que nem todo mundo que vive do turismo por lá seja tão bacana também com a natureza. Encontrar um ponto de equilíbrio não é fácil. Boa parte dos resorts de luxo derrubaram muitas árvores para se estabelecerem e domesticaram animais em cativeiro para depois os soltarem, garantindo atração para as fotos dos turistas em suas áreas de lazer.

Amazônia para principiantes: planejando a viagem

Passeios para fazer na floresta

Eu já… dormi na selva amazônica

Achei o meio termo no Green Lodge, uma espécie de albergue no meio do Rio Negro. É um lodge flutuante, que vai trocando de endereço à medida em que as águas do rio sobem ou descem. Com um gerador de stand by que só ligava tarde da noite, o jantar era à luz de velas e nada de chuveiro elétrico. Além de quartos com banheiro privativo, havia acomodações coletivas e turistas acomodados em redes. Mas foi de lá que partiu uma das experiências mais marcantes da minha vida natureza afora: dormir em plena selva amazônica (veja mais no link acima), conhecendo o âmago de suas matas nativas, as especiarias de sua floral e os sons de sua fauna.

Bonito surpreendeu Alícia com sua estrutura sustentável

Bonito surpreendeu Alícia com sua estrutura sustentável

O nosso guia era um caboclo manauara apaixonado por aquele incrível ‘quintal’, os animais eram vistos diretamente na natureza, mesmos os que ele ia encontrar, trazia para perto do barco para fotos e devolvia ao habitat natural. O que me entristeceu foi ver que muitos viajantes cruzam o oceano para conhecer tantas belezas, mas são poucos os brasileiros dispostos a explorá-la com respeito.

Bonito, por incrível que possa parecer, achei mais sustentável que a Amazônia. Quando fui pra lá, confesso, tinha um certo receio de aquela coisa de passeios com hora marcada pasteurizar o turismo local. Mas, ao contrário, é só começar a explorar as redondezas que se percebe o investimento em treinamento dos guias e uma rotina de viagem que faz o viajante conhecer história, natureza e aprender a apreciá-la sem depreciá-la.

Como montar seu roteiro e escolher os passeios em Bonito

Os locais têm número máximo de visitantes por dia e o cuidado é explícito nas flutuações em que não se pode pisar no fundo dos rios para não afetar a fauna e flora local, além de poços e piscinas naturais, como o Abismo Anhumas e a Boca da Onça, em que repelente e protetor solar são proibidos e você, acredite, vai achar bom.

Pra mim, o turismo sustentável é a chave da fauna tão latente, que te permite tomar café apreciando tucanos ou micos, in natura. A sustentabilidade é o que torna o turismo ali tão bem estruturado e tão especial.”


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